Dr. Gilmar Vaz Tostes Filho

Embora seja um processo fisiológico, muitas mulheres enfrentam sintomas desconfortáveis que podem impactar sua qualidade de vida.

Entre esses sintomas estão ondas de calor, insônia, mudanças de humor, secura vaginal e até o aumento do risco de doenças como osteoporose e doenças cardíacas.

A menopausa é uma fase natural na vida da mulher, marcada pelo fim do ciclo menstrual, geralmente ocorrendo entre os 45 e 55 anos.

Nesta situação, considera­-se uma mulher na menopausa após, pelo menos, 12 meses de sem menstruar. Ela pode ser natural ou induzida por cirurgia, quimioterapia, radiação ou distúrbio autoimune.

A chamada menopausa precoce é a falência dos ovários que ocorre antes dos 40 anos de idade, que ocorre em menos de 5% das mulheres, e aquela que se manifesta após os 55 anos de idade é chamada de menopausa tardia.

A boa notícia é que, para muitas mulheres, a Terapia de Reposição Hormonal (TRH) pode ser uma solução eficaz para aliviar esses sintomas e promover bem-estar.

No entanto, ela não é isenta de riscos e, por isso, sua prescrição deve sempre ser individualizada, considerando as contraindicações, os riscos e os benefícios.

Vamos entender melhor o que é essa terapia e quais são os benefícios e riscos envolvidos.

Dr. Gilmar Filho – Endocrinologia Integrada com Cuidado e Excelência!

Sou o Dr. Gilmar Filho, Endocrinologista com experiência no tratamento de doenças hormonais e metabólicas.

Gilmar Filho endocrinologista e metabologista

Minha missão é cuidar de cada paciente de forma personalizada, compreendendo não apenas a doença, mas o indivíduo como um todo. Para mim cada paciente é único.

Formado em Medicina pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização em Endocrinologia e Metabologia pela mesma instituição, construí minha carreira com base em evidências científicas sólidas e uma profunda empatia pelo ser humano.

Ao longo dos anos, tive o privilégio de acompanhar a evolução de muitos pacientes, ajudando-os a controlar condições complexas como diabetes, distúrbios da tireoide, obesidade, osteoporose, doenças da hipófise e outras disfunções hormonais.

Veja o que os pacientes falam sobre o Dr. Gilmar Filho:

O que é a Terapia de Reposição Hormonal?

A TRH consiste em repor os hormônios que o corpo deixa de produzir durante a menopausa, principalmente o estrogênio e a progesterona. Isso pode ser feito por meio de comprimidos, adesivos, géis ou cremes aplicados na pele.

A ideia é restaurar o equilíbrio hormonal, reduzindo os sintomas incômodos que surgem com a queda desses hormônios.

Quais são os benefícios da TRH?

Alívio dos Sintomas Vasomotores (“Ondas de Calor”)

A TRH é extremamente eficaz no controle das ondas de calor e suores noturnos, que podem afetar mais de 75% das mulheres durante a menopausa.

Sintomas vasomotores na menopausa

Os sintomas vasomotores, como as ondas de calor e a sudorese noturna, são a principal razão pela qual muitas mulheres procuram a Terapia Hormonal (TH). Essa é a opção de tratamento mais eficaz para esses sintomas, desde que não haja contraindicações.

Cerca de 60% a 80% das mulheres na perimenopausa (período ao redor da menopausa) experimentam esses sintomas, e em 20% delas, eles podem persistir por décadas.

Esses sintomas se caracterizam por ondas de calor repentinas e suores noturnos. Embora a causa exata não seja completamente compreendida, sabe-se que estão relacionados à queda rápida dos níveis de estrogênio, o que afeta o controle de temperatura no corpo.

Para mulheres que sofrem com esses sintomas, uma revisão feita pelo Instituto Cochrane mostrou que a Terapia Hormonal pode reduzir a frequência das ondas de calor em 75% e diminuir a gravidade em até 87%.

Síndrome Geniturinária da Menopausa (SGM)

A SGM afeta cerca de 50% das mulheres após a menopausa e inclui sintomas como bexiga hiperativa, incontinência urinária, infecções urinárias recorrentes e secura vaginal.

As terapias locais com estrogênio em baixas doses (cremes, comprimidos, supositórios e anéis) ajudam a restaurar a saúde da vagina, melhorando a umidade, o revestimento e as secreções vaginais. Isso também normaliza o pH vaginal, reduzindo as infecções urinárias recorrentes.

Esse tratamento é recomendado para aliviar sintomas vaginais como secura, coceira, dor durante a relação sexual e também sintomas urinários, como urgência em urinar, quando os lubrificantes e hidratantes não são suficientes.

Quando o estrogênio é usado apenas na vagina, não há necessidade de usar progesterona junto, mesmo em mulheres que ainda têm útero. No entanto, para mulheres com histórico de câncer de mama, ainda não há dados suficientes para confirmar a segurança do uso de estrogênio vaginal.

Nesses casos, é recomendado priorizar o uso de hidratantes ou lubrificantes vaginais. Em casos mais graves, onde os sintomas são intensos, pode-se considerar o uso de estrogênio em baixas doses, após discussão com a paciente e seu oncologista.

Além disso, há receptores de andrógenos na região urogenital que também respondem ao estrogênio e aos andrógenos.

Em alguns países, o uso de supositórios vaginais contendo deidroepiandrosterona (DHEA) já foi aprovado em alguns países, mas não no Brasil, para tratar a dor durante a relação sexual.

Proteção contra a Osteoporose

A perda de massa óssea acelera após a menopausa, aumentando o risco de fraturas. O estrogênio da TRH pode ajudar a proteger os ossos e prevenir a osteoporose.

Com base nas evidências, a THM é a terapia de primeira linha para mulheres pós­menopausa que apresentem alto risco de fratura e estejam abaixo dos 60 anos de idade, manifestando sintomas menopausais ou não, com a mesma eficácia dos bisfosfonatos, outra classe de medicação utilizada no tratamento da osteoporose.

Veja também: Osteoporose: O que é, Como Prevenir e Tratar

Melhora do Humor e Sono

Muitas mulheres relatam melhora significativa no humor, na energia e na qualidade do sono com o uso da TRH, já que ela pode reduzir a irritabilidade e os episódios de insônia.

Saúde Cardiovascular

A menopausa pode ser considerada fator de risco para a doença arterial coronariana (DAC) em mulheres, devido a efeitos potenciais da senescência ovariana em função cardíaca, pressão arterial e alguns parâmetros metabólicos, como tolerância à glicose e perfil lipídico.

Estudos mostram que mulheres que começam a TRH precocemente após a menopausa podem ter uma redução no risco de doenças cardíacas.

Entretanto, o risco da TRH em mulheres com mais de 60 anos ou que possuem diabetes não está bem estabelecido e deve ser utilizado com cautela. Nesses casos, a avaliação detalhada de um endocrinologista é recomendada, o qual pesará os riscos e benefícios desse terapia.

Câncer de Cólon e Terapia Hormonal

A terapia de reposição hormonal (combinando estrogênio e progesterona) pode reduzir o risco de câncer de cólon. Embora os médicos ainda não saibam exatamente como isso acontece, algumas pesquisas sugerem que os hormônios têm influência sobre o tecido do cólon.

O estrogênio, por exemplo, pode diminuir a quantidade de ácidos biliares no intestino, que são substâncias que, em excesso, podem contribuir para o desenvolvimento do câncer.

Além disso, acredita-se que a progesterona ajude a controlar o crescimento das células do cólon, impedindo que elas se multipliquem de forma descontrolada, o que poderia levar ao câncer.

Reposição Hormonal e Mortalidade

É bem conhecido que o uso da reposição hormonal com estrogênio pode aumentar o risco de coágulos sanguíneos e de câncer de mama em algumas mulheres.

No entanto, estudos mostram que quando a terapia com estrogênio é iniciada durante a perimenopausa (o período logo antes e depois da menopausa), especialmente em mulheres entre 50 e 59 anos, há uma redução de 40% na mortalidade geral dessas mulheres.

Reposição hormonal pode diminuir a mortalidade

Ou seja, apesar dos riscos, a reposição hormonal pode trazer benefícios significativos para a saúde e longevidade quando usada de forma adequada e com acompanhamento médico, particularmente em mulheres desse grupo etário.

Existem riscos?

Como qualquer tratamento médico, a TRH tem riscos que devem ser considerados. Esses riscos dependem de fatores como idade, histórico de saúde e o tipo de hormônio utilizado.

Risco de Câncer de Mama

O uso prolongado da TRH combinada (estrogênio + progesterona) pode aumentar levemente o risco de câncer de mama. No entanto, esse risco parece ser menor com doses baixas e curtos períodos de uso.

Risco de Coágulos Sanguíneos e AVC

A TRH pode aumentar o risco de formação de coágulos, especialmente em mulheres que têm fatores de risco pré-existentes, como obesidade ou histórico de trombose.

Estímulo do Endométrio

O uso de estrogênio sozinho pode estimular o revestimento do útero (endométrio), aumentando o risco de hiperplasia (crescimento excessivo) e até câncer endometrial.

Por isso, mulheres que ainda têm útero devem sempre combinar o estrogênio com a progesterona.

Essa combinação contínua de estrogênio e progesterona oferece a proteção necessária ao endométrio, reduzindo o risco de complicações.

Possíveis Efeitos Colaterais da Terapia de Reposição Hormonal

Embora na maioria das vezes transitórios, algumas mulheres em TRH podem apresentar:

  • inchaço
  • sensibilidade nos seios,
  • dores de cabeça
  • alterações de humor

Mas esses efeitos tendem a diminuir com o tempo ou com ajustes na dosagem.

Terapia de Reposição Hormonal faz Ganhar Peso?

Muitas mulheres têm medo de ganhar peso ao iniciar a Terapia Hormonal (TH), o que é uma das principais razões para a baixa adesão ou abandono do tratamento. No entanto, a maioria dos estudos mostra o contrário:

mulheres que fazem uso da reposição hormonal tendem a ganhar menos peso e acumular menos gordura corporal do que aquelas que não utilizam a terapia.

Um estudo realizado pelo Instituto Cochrane, que analisou 90 estudos em 2002 e foi atualizada em 2010, concluiu que não há evidências de que a Terapia Hormonal, seja com estrogênio isolado ou combinado com progesterona, cause alterações no peso corporal.

Isso significa que a reposição hormonal não provoca aumento de peso adicional em comparação ao que já ocorre naturalmente durante a menopausa.

A TRH é para todas?

Não! Nem todas as mulheres precisam ou podem fazer uso da Terapia de Reposição Hormonal.

Mulheres com histórico de câncer de mama ou endométrio, trombose, doenças hepáticas graves, infarto do miocárdio AVC, porfiria cutânea tardia; sangramento vaginal não diagnosticado; deficiência das proteínas C, S ou antitrombina têm contraindicação absoluta à TRH.

Em algumas situações específicas, embora a THM não seja contraindicada de forma absoluta, sugere­-se agir com precaução nessa indicação, evitando-­se a reposição estrogênica, se possível. Entre estas situações, destacam­-se: DM, endometriose prévia, meningioma benigno, hipertrigliceridemia, migrânea (enxaqueca) com aura e .

Por isso, a decisão de iniciar o tratamento deve ser tomada com base em uma avaliação médica cuidadosa e individualizada.

Existe uma alternativa para quem não pode ou não quer usar TRH?

Sim! Além da TRH, existem outras formas de manejar os sintomas da menopausa. Medicamentos não hormonais, mudanças no estilo de vida (como dieta equilibrada, exercícios físicos regulares e técnicas de relaxamento) e até terapias complementares, como acupuntura, podem ser úteis no tratamento de sintomas menopausais.

Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) e os inibidores seletivos da recaptação de serotonina e norepinefrina (ISRSN), como a venlafaxina, estão entre os fármacos mais prescritos.

O mais importante é encontrar o equilíbrio certo para cada mulher, de acordo com suas necessidades e preferências.

Fezolinetant: Um Novo Tratamento para os Sintomas da Menopausa

Fezolinetant é uma nova medicação em desenvolvimento voltada para o tratamento dos sintomas vasomotores da menopausa, como ondas de calor e suores noturnos, que afetam significativamente a qualidade de vida de muitas mulheres.

Ao contrário da terapia hormonal tradicional, o fezolinetant atua como um antagonista seletivo dos receptores de neurocinina-3 (NK3R), que estão envolvidos na regulação da temperatura corporal.

Esse mecanismo inovador visa controlar os sintomas da menopausa sem a necessidade de reposição hormonal, o que pode ser uma vantagem para mulheres que não podem ou não desejam utilizar hormônios.

Estudos clínicos preliminares têm mostrado resultados promissores quanto à eficácia e segurança do fezolinetant, representando uma potencial nova opção terapêutica no manejo da menopausa.

Reposição de Testosterona e seus derivados após a Menopausa

A reposição de andrógenos (que inclui a testosterona e seus derivados) após a menopausa é um assunto polêmico, com poucas diretrizes bem definidas. Geralmente, a testosterona é usada para tratar a redução da libido e aumentar a massa muscular.

Em 2019, o Departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia (DEFA) da Sociedade Brasileira de Endocrinologia publicou um consenso sobre o uso de testosterona em mulheres, seguido por um consenso global de diversas sociedades médicas internacionais.

Ambos indicam que a única justificativa para o uso de testosterona em mulheres é o tratamento da disfunção sexual com desejo hipoativo (DSDH), caracterizada pela ausência de desejo sexual, que causa sofrimento.

É importante notar que o diagnóstico de DSDH não se baseia nos níveis de testosterona no sangue, mas sim em uma avaliação clínica detalhada. Apesar de haver uma leve diminuição dos níveis de testosterona ao longo da vida reprodutiva, não há uma queda significativa após a menopausa.

Na verdade, após a menopausa, ocorre um hiperandrogenismo relativo, devido à queda acentuada dos níveis de estrogênio.

No Brasil, não há formas aprovadas de testosterona para reposição em mulheres, exceto géis e cremes manipulados. A testosterona injetável não é recomendada devido às grandes variações nos níveis do hormônio.

Em doses baixas, a metiltestosterona tem se mostrado eficaz no alívio dos sintomas da menopausa, mas seu uso é contraindicado por ser tóxica ao fígado.

Implantes de testosterona, usados em outros países, são aplicados a cada 4 a 6 meses, e o monitoramento dos níveis de testosterona no sangue é essencial para a segurança das pacientes.

O uso de adesivos de testosterona ainda não está disponível para mulheres, mas estudos com doses de 150 a 300 mg mostraram resultados positivos.

A deidroepiandrosterona (DHEA), que se converte em testosterona, também foi testada em alguns estudos, mas pode ter efeitos colaterais como redução do HDL (o “bom colesterol”) e hepatotoxicidade.

Sobre os Hormônios Bioindênticos

A terapia hormonal bioidêntica (THB) se refere ao uso de hormônios com estrutura química indêntica aos hormônios produzidos naturalmente pelos ovários. No entanto, o termo tem sido utilizado indevidamente para descrever preparações manipuladas em farmácias.

Não há evidências científicas que comprovem que os hormônios bioidênticos sejam mais seguros ou eficazes!

Na verdade, estudos dos EUA revelam que cápsulas e cremes de estrógenos e progestógenos manipulados frequentemente apresentam variações significativas nas doses em relação ao que foi prescrito, especialmente em produtos que não são aprovados pela FDA (Agência de Alimentos e Medicamentos dos EUA).

Há relatos de pacientes que, ao utilizar hormônios bioidênticos, desenvolveram hiperplasia ou até câncer de endométrio. Além disso, os produtos manipulados em farmácias apresentam uma chance cerca de 10 vezes maior de terem doses significativamente diferentes das prescritas. Por isso, o uso desses produtos não deve ser incentivado.

Conclusão

A menopausa é uma fase desafiadora para muitas mulheres, mas a Terapia de Reposição Hormonal pode ser uma ferramenta poderosa para aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.

No entanto, é fundamental discutir com seu médico os prós e contras dessa terapia, considerando sempre suas circunstâncias pessoais e o que há de mais recente na ciência.

Se você está passando pela menopausa e tem dúvidas sobre a TRH, marque uma consulta para conversarmos mais detalhadamente sobre as opções disponíveis para você.

Veja também:

https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/1748-terapia-hormonal-e-uma-opcao-para-aliviar-os-sintomas-da-menopausa

Terapia de reposição hormonal na menopausa: conheça os riscos e os benefícios – APM

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